Líderes da maior universidade de artes da Hungria renunciam por medo de controle estatal
BUDAPESTE (Reuters) – A administração da prestigiosa Universidade de Artes Cênicas e Cinematográficas da Hungria renunciou nesta segunda-feira em protesto contra a imposição de uma comissão indicada pelo governo que dizem que minará a autonomia da escola.
Os apoiadores do primeiro-ministro, Viktor Orbán, e jornalistas pró-governo argumentam há tempos que, desde que este obteve um terceiro mandato em 2018, é hora de operar uma mudança cultural em favor de valores conservadores para acabar com o que chamam de domínio de liberais e figuras da esquerda nas artes húngaras.
Há uma década no poder, o nacionalista Orbán vem endurecendo continuamente o controle governamental sobre várias instâncias da vida pública, incluindo universidades, a Academia de Ciências Húngara e a mídia estatal. Oligarcas próximos do premiê compraram largas parcelas da mídia privada.
Em um discurso feito após sua vitória eleitoral contundente de 2018, Orbán disse que a tarefa principal é “inserir o sistema político em uma era cultural”.
Uma lei aprovada pelo Parlamento no início do ano transferiu a propriedade da escola de teatro estatal, que tem 155 anos de história, a uma fundação privada. O governo indicou uma comissão de cinco membros, rejeitando membros propostos pela universidade. Já o senado da universidade disse ter sido privado do direito de decidir questões sobre orçamento, organização e recursos humanos.
“Era um fundamento para nós que, se não sobrar nada da autonomia da instituição, então devemos nos recolher às salas de aula para ensinar”, disse a vice-reitora Eszter Novak.