Por Clement Uwiringiyimana

KIGALI (Reuters) – Paul Rusesabagina, retratado como herói em um filme de Hollywood sobre o genocídio de Ruanda em 1994, enfrentou 12 acusações, incluindo terrorismo, em um tribunal de Kigali nesta segunda-feira, em um caso que destaca a oposição ao presidente Paul Kagame.

Rusesabagina, que certa vez convocou uma resistência armada ao governo em um vídeo no YouTube, foi acusado de terrorismo, cumplicidade em assassinato e formação ou adesão a um grupo armado irregular, entre outras as acusações.

O filme indicado ao Oscar “Hotel Ruanda” mostrou como o ex-gerente de hotel de 66 anos usou suas conexões com a elite hutu para proteger os tutsis fugindo do massacre.

Levado ao tribunal algemado em uma van com a inscrição “RIB” para ‘Rwanda Investigation Bureau’, Rusesabagina usava uma máscara anticoronavírus e ficou sentado pensativo durante a audiência.

Ele não prestou depoimento imediatamente, mas um de seus advogados nomeados pelo governo, David Rugaza, disse que Rusesabagina estava sendo julgado por exercer a liberdade de expressão.

Após o genocídio, Rusesabagina adquiriu a cidadania belga e passou a residir nos Estados Unidos, tornando-se um forte crítico de Kagame, a quem acusou de sufocar a oposição.

“Ele obteve a cidadania belga em 1999 e, portanto, há outra questão importante aqui, em que se poderia dizer que Ruanda está julgando um cidadão estrangeiro pela liberdade de expressão de que gozava no exterior”, disse Rugaza na audiência.

Alguns em Ruanda, incluindo Kagame, acusaram Rusesabagina de exagerar seu heroísmo, o que ele nega.

Kagame governa Ruanda desde o fim do genocídio e venceu as últimas eleições –em 2017– com quase 99% dos votos.

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14 set 2020, às 12h17. Atualizado às 12h20.
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