Por Clement Uwiringiyimana

KIGALI (Reuters) – Paul Rusesabagina, retratado em um filme de Hollywood como um herói que ajudou a salvar tutsis durante o genocídio de Ruanda, disse que acreditava estar voando para o Burundi a convite de um pastor, mas que na verdade foi induzido a ir para Ruanda e preso devido a acusações de terrorismo.

Rusesabagina falou ao New York Times durante uma entrevista que o jornal disse ter sido autorizada pelo governo ruandês e que ocorreu na presença de autoridades governamentais.

O dissidente político e ex-gerente de hotel de 66 anos alcançou a fama depois que “Hotel Ruanda”, filme indicado ao Oscar, o retratou usando suas conexões com a elite hutu para proteger tutsis que fugiam do massacre de 1994.

Ele estava vivendo no exílio há mais de uma década e é um crítico proeminente do presidente Paul Kagame, que acusa de sufocar a oposição política.

Rusesabagina apareceu subitamente sob custódia em Ruanda no início deste mês, o que levou sua família a afirmar que ele foi sequestrado, mas ele diz que embarcou voluntariamente em um avião particular em Dubai acreditando estar seguindo para Bujumbura, no Burundi, onde planejava falar em igrejas a convite de um pastor local.

Ao invés disso, ele pousou em Kigali, onde agora é alvo de 13 acusações, entre elas terrorismo, cumplicidade em assassinato e formação de ou envolvimento com um grupo armado irregular.

Na quarta-feira, um porta-voz da procuradoria disse à Reuters que Rusesabagina, que chegou a pedir uma resistência armada ao governo em um vídeo publicado no YouTube, corre risco de ser condenado à prisão perpétua.

Na quinta-feira ele teve um pedido de fiança negado, e passará 30 dias na prisão enquanto a procuradoria finaliza suas investigações.

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18 set 2020, às 14h14. Atualizado às 14h15.
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