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À medida que a vida acelera, também cresce a busca por se desconectar, nem que seja por alguns dias

A situação do personagem de Tom Hanks no premiado Náufrago (2012) é um exemplo extremo de solidão e isolamento. Porém, ativa nossos devaneios primitivos de total retiro, temperado com doses de romance e o orgulho de sobreviver às adversidades. Em um tempo em que a fronteira entre trabalho, lazer e vida privada quase inexiste, graças às ferramentas digitais, desligar-se da correria por meio de uma viagem “desconectada” pode ser o antídoto ideal para o estresse.

Há quatro anos, a empresária Paola Gulin lançou com a mãe, Cristina, a Nomad Roots, agência de viagens voltada ao turismo de experiência. São lugares remotos que elas oferecem, muitas vezes de difícil acesso, mas que certamente compensam qualquer sacrifício. Os valores pagos em transporte, hospedagem e alimentação também são superiores aos de destinos mais conhecidos e frequentados. “Lugares remotos exigem muito mais esforço, tempo, verba, logística e vontade de empreender para ter uma gastronomia de qualidade, um staff bem treinado, quartos confortáveis, tecnologia, etc.”, pondera Paola.
Veja algumas sugestões de destinos que estão longe dos roteiros de turismo de massa e podem proporcionar desconexão, encontro com a natureza e, por que não, consigo mesmo.

Amazônia: conforto rústico

Os brasileiros quase não conhecem esse destino cobiçadíssimo pelos gringos. Em alguns lugares, simplesmente não há internet, porém, já há barcos fretados exclusivos para lugares onde quase ninguém chega e hospedagem confortáveis. Entre as atividades possíveis, estão caminhadas na mata traçadas pelas comunidades locais, pesca de piranhas, observação de botos-cor-de-rosa, visitação de comunidades ribeirinhas, nado nos rios, praias incríveis, os reflexos do Rio Negro e conhecer mais a história do Brasil e as crenças dos índios e caboclos. iberostar.com

O céu do Atacama

Desligar o celular e se ligar no deserto é missão mais do que possível nesse imenso território no Chile, um destino bem plausível para os brasileiros. O silêncio é o primeiro fator a causar impacto no viajante, além, é claro, da paisagem maravilhosa, que muda dependendo da estação do ano. Por lá, é possível fazer passeios de vários tipos de carro ou a pé e incluir escaladas de vulcão para chegar até a mais de 5 mil metros de altitude. Observar o céu à noite é uma experiência altamente recomendável. Para quem não abre mão de boa infraestrutura, há hotéis que oferecem todos os passeios com guias experientes, gastronomia de qualidade, translados e um itinerário de acordo com os interesses do visitante. chile.travel

Nepal, cravado nas montanhas do Himalaia

Sua porta de entrada é a caótica Catmandu, repleta de templos e lugares sagrados. Os viajantes em busca de retiro podem se encaminhar, depois, para o *Dwarika’s Resort, cravado na cordilheira do Himalaia, onde estão as montanhas mais altas do mundo. Junto à paisagem, o hóspede pode fazer uma imersão na busca por equilíbrio por meio de atividades como yoga, meditação, cerâmica e caminhadas. A gastronomia mescla ingredientes naturais produzidos localmente. Já as acomodações trazem o que há de mais especial e confortável no Nepal, com muita privacidade e tranquilidade. Quem vai pensar em wi-fi em um lugar desses?

*O programa Revival and Relaxation, de quatro dias, custa US$ 1.100 por pessoa em um quarto duplo e inclui consulta com o médico ayurveda, sessão de yoga e meditação diariamente, todas as refeições, uma massagem relaxante, esfoliação, sessões com técnicas da medicina ayurveda e uso livre da academia, da piscina e de toda a estrutura do hotel. dwarikas-dhulikhel.com

Butão, onde mora a felicidade

Natureza exuberante, espiritualidade e habitantes felizes. Impossível não se encantar com esse trinômio do Butão, país asiático localizado no meio da Cordilheira do Himalaia. Trata-se de um dos países mais fechados para o turismo por causa da geografia, por isso, ainda conserva muito da sua essência. Predominantemente budista, apresenta ao viajante uma infraestrutura fascinante e exclusiva de hotéis que convidam a imergir na cultura local. Além do ar puro, das paisagens maravilhosas, das diferenças sociais menos evidentes e da espiritualidade, a felicidade do povo do Butão é atribuída também ao baixo interesse pelos meios digitais. tourism.gov.bt

Descoberta do outro e de si

Viagens podem guardar um potencial transformador, principalmente quando se assume a postura de viajante, não a de turista. O jornalista Ike Weber construiu uma carreira sólida na comunicação e família, mas o projeto de viajar pelo mundo esteve lá, intocado. Até que uma viagem ao Deserto do Atacama, no Chile, fez com que ele mudasse o ritmo do seu tambor existencial. A primeira grande expedição – 11 meses viajando sozinho do Brasil ao Alaska – está registrada no livro De Mochila pelas Américas – Histórias, Reflexões e Experiências. “O que me move é a vontade da descoberta, o ímpeto da exploração, o profundo interesse por outras culturas, povos e regiões e a disposição de ter uma vida interessante, fora do lugar comum”, explica Weber.
A jornada, à medida que se afasta do limite da vida familiar e cotidiana, aproxima-nos dos nossos sentimentos mais íntimos. “As viagens são oportunidades para refletir, quando se está sozinho, e para aprender e interagir, quando acompanhado”, avalia o jornalista. “Primeiro, é preciso um tempo para desestressar e romper com o ciclo automático do dia a dia. Depois, a memória se reativa e aí vêm as melhores ideias, projetos e a criatividade é estimulada.” Atualmente, Weber está em uma expedição de três meses que começou na Coreia do Norte e terminará em Taiwan.

 

10 jan 2018, às 00h00.
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