Cotação: ★★★★

Seis de abril de 1917 entrou para a História como o dia em que os Estados Unidos entraram oficialmente para a Primeira Guerra Mundial, apoiando a Tríplice Entente (Grã-Bretanha, França e Rússia) contra os Impérios Centrais da Alemanha e da Áustria-Hungria. A data também corre o risco de entrar para a História do cinema como o dia em que se passa o filme que corre o sério risco de passar o rodo nesta temporada de premiações do cinema em língua inglesa – começando pelo Globo de Ouro no primeiro domingo do ano e culminando no Oscar, no próximo dia 9 de fevereiro. E o que as duas coisas tem em comum? Neste dia todo – e também na manhã posterior – é que se passa a ação de 1917, o filme escrito e dirigido por Sam Mendes, que ameaça levar todos esses prêmios principais e chega neste próximo fim de semana aos cinemas brasileiros.

Não existe propriamente uma trama mostrada em 1917. O que há é a jornada do herói. Na verdade, de dois heróis. Dois cabos são designados por um general para levar uma mensagem por escrito até um coronel que comanda tropas mais avançadas no front. É uma ordem para que os militares britânicos suspendam toda a operação de ataque, sob a justificativa de que é justamente isso o que os alemães desejam: atrair os inimigos para armadilhas que podem significar perdas humanas e alguns retrocessos na guerra. Não há menção sobre uma possível relação com a entrada dos EUA no conflito como um apoio aos aliados, mas supõe-se que a decisão de interromper as ações ofensivas tenha alguma relação com isso por ser na mesma data.

Os jovens cabos Blake (Dean-Charles Chapman) e Schofield (George MacKay) são orientados pelo general Erinmore (Colin Firth) a ir ao encontro do coronel Mackenzie (Benedict Cumberbatch), não importa o que acontecer ou com o que cruzarem no caminho. E é justamente assim que o filme transcorre. Chova ou faça sol, sob a mira de balas e enfrentando lutas corporais, encontrando algumas surpresas pelo caminho (como uma jovem solitária francesa que cuida de uma bebê abandonada à própria sorte). Tal qual a sucessão etapas de um Super Mario Bros ou qualquer outro videogame do tipo. Há uma certa ação de curta duração que precisa ser feita e superada, aí passa-se para outra fase. Assim vão se sucedendo as cenas até que seja cumprido o objetivo da missão entregue aos dois.

Mas o que, então, torna tão atrativo um filme que poderia ser absolutamente banal? A união entre direção e fotografia. O trabalho em conjunto de Sam Mendes e Roger Deakins que imprime um ritmo frenético às quase duas horas de projeção. Parece que o longa foi todo rodado em plano sequência, sem a presença de cortes na hora da edição. Pura ilusão cinematográfica. Na verdade há uma sucessão de cenas longas em plano-sequência, todas exploradas com profundidade de campo, o uso de muito movimento e uma câmera que transporta os olhos dos espectadores diretamente para o local e os conecta sentimental e sensorialmente com as dificuldades, surpresas, dúvidas, encantamentos e medos enfrentados por Scho e Blake no longo percurso que acaba virando a noite.

Sam utiliza, na verdade, uma história com a qual tem ligações pessoais e cresceu fascinado por ela. Foi o avô dele, Alfred Mendes, nascido em Trinidad & Tobago, quem se voluntariou para transmitir a mensagem até o alto comando das tropas avançadas em território belga (embora tudo tenha ocorrido durante mais de um dia e entre setembro e outubro do mesmo ano). A falta de uma trama acaba sendo compensada pela extrema maestria técnica e o diretor e corroteirista alcança seu objetivo, o de aproximar a audiência da experiência vivida pelo seu antepassado por meio das novas tecnologias usadas nos bastidores do cinema.

1917 (Reino Unido/Estados Unidos, 2019). Direção: Sam Mendes. Roteiro: Sam Mendes e Krysty Wilson-Cairns. Com Dean-Charles Chapman, George MacKay, Daniel Mays, Claire Duburcq, Colin Firth, Benedict Cumberbatch. Universal Pictures. 119 minutos. Estreia nos cinemas brasileiros: 23 de janeiro. Sessões de pré-estreia: 18 e 19 de janeiro.

14 jan 2020, às 00h00.

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