A direção da escola O Pequeno Polegar, que fica em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, encaminhou uma carta aos pais dos alunos, preocupada com a séria Round 6, que está na Netflix. Violento e cruel, o seriado usa brincadeiras infantis e inocentes para dar base a um jogo mortal, que ganha o último que sobrevive.

Apesar dos episódios terem classificação acima de 16 anos, a direção da escola notou que a obra pode ter embalado conversas e brincadeiras na hora do recreio. Round 6 usa jogos infantis como “batatinha frita 1,2,3”, “cabo de guerra” e “bola de gude” em sua trama. Porém, conforme o diretor da escola, Haroldo Andriguetto Júnior, são jogos que há tempos não eram brincados nos pátios da escola. Mas, de uns dias para cá, passaram a “frequentar” as rodas de conversas. Os profissionais da escola também notaram uma troca de cartas, exatamente como ocorre no filme.

“A escola atende até Fundamental I, ou seja, alunos de até 10 anos. Não deveriam ter acesso a estes tipos de cenas. Nem precisava a escola emitir uma carta sobre isso. Porque entende-se que os pais não vão deixar os filhos verem isso. Mas se o relato do seriado está vindo pra dentro da escola, é porque viram em algum lugar. Passaram pela sala enquanto o adulto assista, viram abertamente, viram escondido, de algum jeito viram”,

analisou o diretor

Na carta, a direção já começa dizendo que:

“Devemos lembrar que a série tem classificação para maiores de 16 anos (inapropriada portanto para todos os alunos da Escola) e apresenta conteúdo de violência explícita, tortura psicológica, suicídio, tráfico de órgãos, cenas de sexo e palavras de baixo calão.”

A carta ainda ressalta que o conteúdo do seriado vai completamente contra à filosofia da escola, de defesa da vida e da família e que não agrega em nada a formação da criança. A escola entende que é opção de cada família escolher o que os filhos assistem. Mas alerta que seriados como este trazem danos psicológicos irreparáveis às crianças pequenas.

O alerta ainda informa aos pais que a direção está passando de sala em sala, do 1.º ao 5.º ano, explicando aos alunos que jogos e brincadeiras tratam de ganhar e perder. Porém nenhum prêmio é mais importante do que a vida, um bem inegociável.

O que é o Round 6?

Trata-se de um seriado sul-coreano, também conhecido como “Squid Game”, que começa com a história de Gi Hoon (interpretado pelo ator Lee Jung Jae). Ele está em uma situação financeira muito complicada. Sua mãe precisa de uma cirurgia urgente, ele corre o risco de perder a filha pela falta de dinheiro e, para piorar, ainda deve a um agiota perigoso, que lhe dá o prazo de um mês para pagar as dívidas.

De repente, Hoon recebe uma carta convidando para participar de um jogo misterioso com brincadeiras aparentemente inocentes, cujo vencedor ganha um prêmio de 46,5 bilhões de wons (o equivalente a R$ 210 milhões). 400 pessoas aceitam o convite e o jogo começa com brincadeiras infantis, como “batatinha Frita 1,2 3” e “cabo de guerra”. As pessoas começam sabendo que vão ser eliminadas, conforme vão perdendo os jogos. Porém só descobrem no curso da competição que o “eliminadas” é a morte. Ganha o dinheiro o último que sobreviver.

“Então a gente sugeriu na carta que não assistam o Round 6 na presença dos filhos. Porque o seriado é um grande vilão das coisas que estamos conquistando com pequenas vitórias no dia-a-dia. As crianças já voltaram da pandemia com diversas dificuldades, com transtorno de sono, bruxismo, miopia. E ainda submeter as crianças a isso? Ficamos espantados em ver como as crianças estão tendo acesso fácil a este tipo de coisa. ‘Batatinha frita’, ‘bola de gude’ são brincadeiras saudáveis, mas que o seriado está acabando com o lado bom delas”,

lamentou Júnior.

A carta foi disparada no fim da tarde desta quinta-feira (07). O diretor contou ao portal RIC Mais que, em poucos minutos, 10 pais já responderam o e-mail cumprimentando e apoiando a escola pela atitude de alertar e orientar.

8 out 2021, às 18h30. Atualizado às 18h32.
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