SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou praticamente estável contra o real nesta terça-feira (28), em sessão sem grandes catalisadores e de baixa liquidez devido à aproximação do final do ano, com a disseminação global da Covid-19 e a saúde fiscal do Brasil no radar de investidores.

A moeda norte-americana à vista teve variação negativa de 0,01%, a R$ 5,6390 na venda, depois de mudar de sinal várias vezes durante as negociações, indo de R$ 5,6210 na mínima (-0,32% ) para R$ 5,6629 na máxima do dia (+0,41%).

Na B3, às 17:20 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,03%, a R$ 5,6310.

O destaque da sessão, segundo participantes do mercado, foi o baixo volume de negócios devido à aproximação do final do ano, o que explicaria o vaivém da moeda visto mais cedo.

“Importante ratificar que estamos em uma semana de baixíssima liquidez nos mercados financeiros, por ser a última do ano, e acaba sendo difícil termos alguma ‘tração’ ou movimento que de fato nos traga para algum novo patamar”, disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da assessoria de câmbio FB Capital. “Devemos encerrar o ano assim, a despeito dos dois pregões que ainda temos na semana.”

Ele afirmou que a movimentação no mercado de câmbio local está em linha com o comportamento internacional do dólar, cujo índice frente a uma cesta de rivais fortes tinha leve alta nesta tarde, depois de passar boa parte do dia perto da estabilidade.

No exterior, o clima era de menor preocupação com a variante Ômicron do coronavírus e suas consequências econômicas, o que deu algum suporte a ativos mais arriscados, como as ações europeias [.EUPT] e algumas moedas latino-americanas, como sol peruano e peso chileno. O peso mexicano, importante par do real, tinha estabilidade no fim da tarde desta terça-feira.

“A pandemia está sendo lida como mais uma ‘onda’ pontual”, comentou em blog Dan Kawa, CEO da TAG Investimentos, sobre o ambiente benigno para ativos considerados arriscados, citando “cenário de curto prazo mais construtivo, mas com riscos ainda elevados e crescentes de longo prazo”.

Entre os pontos de cautela, ele apontou a inflação global e a redução dos estímulos de grandes bancos centrais.

No Brasil, receios fiscais seguiam sob os holofotes, com agentes locais monitorando a situação dos auditores da Receita Federal que entregaram seus cargos em ato contra cortes orçamentários.

“A pressão por reajustes salariais e mais gastos públicos segue intensa, mantendo um pano de fundo de incerteza e fragilidade”, disse Kawa.

Temores sobre despesas adicionais no próximo ano vêm depois de o governo ter conseguido, por meio da PEC dos Precatórios, alterar a regra do teto de gastos para abrir o espaço fiscal necessário para financiar auxílio à população no valor de R$ 400 por família.

Isso gerou entre parte dos mercados a percepção de que as regras fiscais do Brasil poderiam estar sujeitas a mais alterações no futuro de forma a comportar mais gastos, o que minaria a confiança de investidores estrangeiros no país.

Para Bergallo, da FB Capital, esse tipo de receio “deve continuar na entrada de 2022”.

Com o desempenho desta terça-feira, o dólar acumula agora alta de 8,62% contra o real em 2021, faltando apenas dois pregões para o fim do ano.

(Por Luana Maria Benedito, com edição de Maria Pia Palermo)

28 dez 2021, às 17h57. Atualizado às 18h05.
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