Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar fechou em alta contra o real nesta quinta-feira, acompanhando um movimento global de aversão a risco em meio a dúvidas sobre a inflação e o crescimento nas principais economias.

O dólar spot fechou a 5,1175 reais para venda, alta de 0,63%, enquanto o dólar futuro de maior liquidez subia 0,89%, a 5,1260 reais.

Mais cedo, na máxima do dia, o dólar à vista chegou a tocar 5,1395 reais, alta de 1%.

Segundo Alexandre Netto, head de câmbio da Acqua-Vero Investimentos, esse comportamento refletiu um movimento generalizado de valorização da moeda norte-americana, em meio a uma maior aversão a risco dos investidores.

No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes registrava ganhos nesta tarde, enquanto divisas emergentes pares do real registraram perdas.

O mau humor dos operadores também foi percebido em outros mercados, com os rendimentos dos títulos norte-americanos caindo e as ações globais apresentando perdas. [.NPT] [.EUPT]

Roberto Motta, responsável pela mesa de futuros da Genial Investimentos, explicou à Reuters que os participantes do mercado têm se questionado sobre qual será a trajetória de inflação nos Estados Unidos e quando que o mundo vai reduzir as medidas de estímulo extraordinárias adotadas em meio à pandemia.

Tendo essas dúvidas como pano de fundo, os operadores ficam numa “gangorra” entre bom e mau humor, e “hoje foi um típico dia de aversão a risco”, disse Motta.

Embora o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, tenha prometido “apoio poderoso” para ajudar na recuperação econômica dos EUA repetidas vezes, definindo as pressões inflacionárias como transitórias, dados recentes apontam para preços cada vez mais altos na maior economia do mundo.

Ao mesmo tempo em que os temores de superaquecimento ganham força nos Estados Unidos, dados da China –maior parceira comercial do Brasil– apontam para possível tropeço na recuperação econômica.

Números desta quinta-feira mostraram que a segunda maior economia do mundo cresceu um pouco menos do que o esperado no segundo trimestre, pressionada pelos custos mais altos das matérias-primas e por novos surtos de Covid-19.

“Fica um sentimento de que, talvez, o melhor da recuperação econômica já tenha passado”, disse Motta, apontando para a decisão recente da China de cortar a taxa de compulsório para os bancos como evidência de que a retomada pode estar comprometida.

Apesar da alta do dólar nesta quinta-feira, a moeda brasileira tem mostrado alguma resistência nos últimos dias, opinou Motta.

Na quarta-feira, o dólar teve queda de 1,87%, a 5,0855 reais na venda, sua desvalorização diária mais acentuada desde 31 de março de 2020, quando caiu 2,23%.

Após ajustes nas novas propostas de tributação do governo, “o Brasil voltou a ficar bem nos olhos dos investidores, mas hoje não conseguimos manter o mesmo nível de resiliência que vimos nos ultimos dias” com a contaminação da aversão a risco internacional, explicou.

Ele acrescentou que ainda enxerga fatores de impulso para a moeda local, como a perspectiva de aumento de juros pelo Banco Central, sinais de recuperação do crescimento da economia doméstica e a alta recente nos preços das commodities, que podem levar o dólar de volta abaixo dos 5 reais no médio prazo.

(Edição de Alexandre Caverni)

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15 jul 2021, às 17h52. Atualizado às 17h55.

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