por TOMMO

Estava na sala da casa da minha mãe quando recebi a informação por um amigo do TOMMO sobre o óbito do Chadwick Boseman: o ator ficou conhecido por Pantera Negra faleceu nesta sexta-feira (28), aos 43 anos. Corri para redes sociais oficiais de Boseman, ao chegar lá e me deparar com a nota sobre sua morte e a causa dela, me deu uma tristeza enorme ao ler “câncer estágio III no cólon“.

Claro que todos ficaram tristes, mas existe uma dor pessoal nas perdas por câncer em mim, por isso elas me assolam de uma forma única. Boseman foi diagnosticado com câncer no cólon em 2016 e batalhou pelos últimos 4 anos. No início da semana recebi uma notificação do Facebook mostrando a data em que eu havia concluído meu tratamento, há quatro anos atrás – ou seja, eu me curei do câncer no mesmo ano em que Boseman foi diagnosticado com câncer.

Meu tumor foi maligno, do tipo que, possuem a habilidade de invadir outros órgãos. É chamado de metástase, o processo acontece quando uma dessas células cai na corrente sanguínea ou nos vasos linfáticos e viaja pelos rincões do organismo. Tumores desse tipo surgem na pele, mama, colo uterino, pulmão e próstata. Do Boseman era esse também.

O meu tipo de tumor é de partes moles, mais comum no pulmão, fui tratado pela equipe médica de tórax. Mas, o tumor não atingiu meu pulmão, e sim meu músculo da coxa esquerda, se no pulmão, talvez eu não estivesse aqui hoje escrevendo esse artigo.

Li textos onde confrontavam o título “ele perdeu a luta contra o câncer” trazendo para um lado mais humano e fácil de aceitar, “ele não perdeu pois lutou e gravou filmes enquanto fazia o tratamento”. Chadwick continuou nos set de filmagens das produções Destacamento Blood, Marshall, August Wilson’s Ma Rainey’s Black Bottom dentre outras produções enquanto enfrentava cirurgias e quimioterapia. Tratamento esse que conheço bem, e para que vocês possam compreender de forma fácil do quanto ele é horrível, vou usar um dito popular – não desejo ao meu pior inimigo.

Sim, Boseman foi um lutador, estava enfrentando um inimigo terrível, que dói, te tira o prazer, mutila e deixa sequelas (quando não te mata). Sei bem os demônios que ele estava enfrentando ao continuar vivendo, fazendo o que gostava, estando nos set de filmagens, é preciso muita força e determinação para seguir assim. Mas, sim, ele perdeu a batalha para o câncer. Tirar nossa perda não nos dá mais força, a força mais verdadeira é a luta, a crença na cura, no amanhã melhor. Temos que aprender a aceitar nossas perdas e a morte.

Em 2016 Boseman descobre a doença, no mesmo ano ele estreou como o Pantera Negra nos cinemas em Capitão América: Guerra Civil. T’Challa ganhou seu espaço no coração de muitos, da mesma forma que o rei de Wakanda. Trouxe representatividade aos negros de forma positiva, com histórias onde eles eram os protagonistas, deu aos jovens meninos e meninas negras um super-herói para admirar.

O Pantera Negra surgiu um ano após os negros ganharem o direito ao voto, foi criado por Stan Lee e Jack Kirby. Eles trouxeram toda a alegria e mostraram para muitos negros que podiam ser mais do que os faziam pensar. Nos ensinou sobre ancestralidade e toda a cultura linda de Wakanda.

Obrigado por tudo, Chadwick Boseman. Wakanda Forever.

“Na minha cultura, a morte não é o fim. É mais um ponto de partida. Você estende ambas as mãos e Bast e Sekhmet, eles o levam para uma savana verde onde você pode correr para sempre” (Diálogo de T’Challa, em Pantera Negra, 2018).

Na minha também não é o fim, é um novo recomeço. Faça seu melhor para o mundo hoje para sua iluminação “amanhã”.

 

 

 

 

29 ago 2020, às 18h12.

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