StoneX reduz previsão de exportação de milho do Brasil, mas vê recorde para soja

SÃO PAULO (Reuters) – Com um corte na previsão de segunda safra de milho do Brasil e um novo aumento na estimativa para a colheita de soja, a consultoria StoneX alterou nesta segunda-feira suas projeções de exportações do país, realizando uma redução na expectativa de vendas externas do cereal, ao mesmo tempo em que passou a ver embarques recordes da oleaginosa em 2021.

Devido à seca, a segunda safra do cereal foi reduzida para72,7 milhões de toneladas, ante 77,65 milhões de toneladas na estimativa do mês anterior. Com uma oferta menor e firme demanda interna, as cotações dispararam no mercado brasileiro para cerca de 100 reais a saca, impactando os embarques.

“Diante dos elevados preços do milho no país e de um oferta mais baixa, a competitividade do cereal no mercado externo tem sido impactada”, disse a StoneX, que revisou sua estimativa de exportação para 29 milhões de toneladas, contra 35 milhões de toneladas na projeção do mês passado.

Até o início de abril, a StoneX via uma estabilidade nos embarques do Brasil na temporada 2020/21, na comparação com a temporada passada.

“A safra de inverno recebeu um corte de 5 milhões de toneladas, para 72,7 milhões, volume abaixo do observado na safra passada”, disse João Pedro Lopes, analista de inteligência de mercado, em nota.

Com isso, a produção total de milho do Brasil é agora estimada em 100,25 milhões de toneladas, ante 102,5 milhões de toneladas na temporada passada, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento.

Apesar do corte na safra, a revisão nas exportações deixou um pouco maior a projeção de estoques finais, agora estimados em 10,85 milhões de toneladas, versus 9,7 milhões na última estimativa.

“É importante ressaltar que o balanço de oferta e demanda para o milho brasileiro continua muito apertado, lembrando que a disponibilidade na primeira metade do ano depende da safra de verão, muito menor que a safrinha”, disse Lopes.

SOJA RECORDE

Já a produção de soja do Brasil em 2020/2021 deve alcançar 135,7 milhões de toneladas, ante 134 milhões de toneladas em estimativa anterior.

Com a colheita já finalizada, isso representa um crescimento de mais de 10 milhões de toneladas na comparação com o número da Conab para a temporada passada, garantindo o oferta para o país embarcar ainda mais ao exterior, diante da forte demanda da China.

A consultoria revisou os números das exportações para 85 milhões de toneladas, frente 82 milhões na projeção anterior. Se confirmados, isso representaria um aumento de cerca de 2 milhões de toneladas ante a safra passada e superaria o recorde de 2018, de 83,26 milhões de toneladas.

“Os embarques da soja brasileira estão extremamente aquecidos, passado o ritmo inicial mais lento por conta dos atrasos na colheita”, comentou a consultoria.

“As perspectivas são de uma demanda mundial muito favorável, destacando que a China continua importando muita soja. Ademais, mesmo com a queda recente do dólar, a oleaginosa brasileira se mantém competitiva”, disse a especialista de inteligência de mercado, Ana Luiza Lodi.

(Por Roberto Samora)

3 maio 2021, às 18h48. Atualizado às 18h50.
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