por Aline Cristina
com produção de Tatiane Bertolino/ RICtv

O Oeste do Paraná é protagonista de inúmeras histórias, muitas delas ligadas à produção, ao campo e ao acolhimento. Imagine então quando essas três palavras se unem e escrevem um enredo. A venezuelana Edgarniet Parra Gomes sabe muito bem como descrever esse conto. 

Com 21 anos e desde 2021 no Brasil, foi na cidade de Medianeira que ela encontrou acolhimento e apoio para reescrever sua história. Mas isso só foi possível com a ajuda da cooperativa Frimesa.

“Eu cheguei por meio de outra familiar que estava morando aqui em Medianeira e  trabalhava no frigorífico na Frimesa. A gente combinou para vir, eu tirei toda a minha documentação, procurei vagas para trabalho e eles me deram essa oportunidade. Graças a isso consegui trazer minha família.”

Edgarniet Parra Gomes – venezuelana, funcionária da Frimesa

Com a oportunidade nas mãos, Edgarniet não pensou duas vezes; deixou seu país e veio para o Brasil reconstruir uma nova história. Apenas na Frimesa, local onde Edgarniet trabalha, segundo os últimos dados levantados pela cooperativa, são quase 300 funcionários que vieram de diversos países: Argentina, Cuba, Paraguai, Uruguai, Venezuela, Colômbia, Estados Unidos, Haiti e África do Sul. Para ela, a cooperativa vai muito além de um local de trabalho.

“Eu sou muito abençoada e agradecida pela ajuda que me deram. É muito importante para a gente que vem da Venezuela conseguir esse tipo de ajuda de emprego para poder viver.O trabalho não é puxado e tem muita oportunidade na cooperativa. Além disso, há companheirismo e apoio por parte da empresa. É uma benção para toda pessoa estrangeira.”

Edgarniet Parra Gomes – venezuelana, funcionária da Frimesa

Tudo isso só foi possível para ela e para outros estrangeiros por meio de programas que são instituídos dentro das cooperativas. Além dos benefícios gerais, os imigrantes recebem suporte das empresas no encaminhamento da documentação para a legalização no Brasil, processo de estabilização com moradia, alimentação, roupas e móveis, além de aulas de Língua Portuguesa.

Diversidade cultural no Cinturão Frigorífico

O celeiro de diversidades culturais não para em Medianeira. As cooperativas do Oeste, juntas, empregam centenas de estrangeiros. 

A CVale, que fica em Palotina, emprega 586 estrangeiros de um total de 12.711 funcionários. A 100 quilômetros de Palotina, em Cascavel, a Cooperativa Coopavel tem 7.321 funcionários. Destes, 1.992 são estrangeiros de 13 nacionalidades, o que corresponde a quase 28% do número total de empregados. Deste percentual, 1.530 são haitianos, 422 venezuelanos e 21 paraguaios.

“São pessoas de 13 nacionalidades que, por um motivo ou outro, deixaram seus países por necessidades e atrás de novas oportunidades. A Coopavel acolhe essas pessoas que, de forma tão dedicada e comprometida, se integram ao cotidiano e ajudam a escrever capítulos de uma história de sucesso.”

Dilvo Grolli – presidente da Coopavel

Este cenário muda dia a dia, por conta da alta demanda de mão de obra das cooperativas que crescem com investimentos no Oeste do Estado. A cidade de Assis Chateaubriand, por exemplo, será sede do maior complexo de abate de suínos da América Latina, com uma amplitude na geração de novos postos de trabalho.

“Tudo isso, aliado a um momento muito positivo do Oeste do Paraná, que cresce a números bem maiores que o PIB [Produto Interno Bruto] Brasileiro e também que o PIB paranaense,  isso faz com que haja uma geração muito grande de empregos nas indústrias e consequentemente em outros setores, ou seja,  tudo cresce com esse aumento da renda das pessoas.”

Rainer Zielasko – presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento.

Ainda neste ano, a expectativa é abrir 12 mil vagas de emprego no Oeste do Paraná. Aqueles que vêm de outros países em busca de oportunidade têm um campo vasto para recomeçar a vida.

(Foto: Arquivo/ RICtv)

“Por sorte nós temos muitos imigrantes que vêm para o Oeste. Pessoas de várias etnias que olham  para o Brasil, e principalmente para região Oeste do Paraná, como uma oportunidade para trabalhar. A grande maioria dessas vagas são abertas nas cooperativas que interagem muito bem com a promoção de desenvolvimento regional. E com isso, além de empregar a população, eles também têm um aspecto fundamental que é de muita importância para nossa região: transformar e agregar valor à matéria prima, para abastecer o Brasil e exportar para o mundo.”

Rainer Zielasko, presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento

A importância das cooperativas

A guerra entre Ucrânia e Rússia  impacta todo o mundo e traz um processo contemporâneo de imigração, que interage diretamente com a cultura e a economia do Oeste do Paraná.

Segundo dados da Polícia Federal de Foz do Iguaçu, cidade que faz fronteira com o Paraguai e Argentina, são 17.214 estrangeiros ativos na cidade da fronteira. Deste total, 13.220 moram na cidade (veja a tabela de nacionalidade abaixo). Somente no ano de 2022, 1.048 pessoas entraram nos dados estatísticos migratórios. Bem mais que no ano de 2002, onde 228 pessoas deram entrada no Brasil pela PF de Foz.

Já na circunscrição da Polícia Federal de Cascavel, até o início de junho deste ano, eram 15 mil estrangeiros registrados. As cidades líderes em abrigo para imigrantes são Cascavel, seguida de Toledo e Cafelândia. Depois, há registro de imigrantes em Palotina, em Ubiratã, em Francisco Beltrão e em Tupãssi. Apenas na cidade de Cascavel são 9 mil estrangeiros registrados, a maioria haitianos (veja tabela abaixo). Por aqui, há registro também de venezuelanos, de paraguaios e de colombianos, além de uma pequena quantidade de imigrantes de outras nacionalidades.

(Foto: arquivo)

A grande quantidade de pessoas estrangeiras no país também reflete no número de vagas empregos, que deve suprir a demanda de mão de obra. Por esse motivo, o agronegócio tem o papel de protagonista no processo dos estrangeiros que vêm em busca de uma vida melhor.

“É uma mão de obra que não exige total qualificação, que as pessoas podem ser treinadas durante esse período e isso é iniciativa para que elas recomecem a vida aqui. O setor cooperativista aqui do Oeste do Estado, em especial, tem abrigado essas pessoas como forma de permitir dignidade durante esse processo migratório. Muitas vezes acontece a migração forçada, que esse indivíduo sai em condições de fragilidade de seu país de origem e é aqui que ele encontra abrigo, então com trabalho, boa parte desse problema já está resolvido.”

Edna nunes – voluntária embaixada solidária de Toledo

“Nós temos a capacidade de oportunidade de renda e um recomeço digno para aqueles que vêm buscar em nosso país e na região Oeste oportunidade para recomeçar. Tem oportunidade tanto para pessoas que residem aqui quanto para as que vêm de fora, para que assim possam recomeçar a sua vida de forma mais digna, com emprego, assistência, saúde e tudo mais.

Rainer Zielasko – presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento

Total de Registros pela PF de Foz do Iguaçu (principais países)

  • Paraguai:  6.489
  • Líbano: 2.803
  • Argentina: 1.635
  • Venezuela: 1.466
  • China: 1.334
  • Colômbia: 488
  • Coréia do Sul: 268
  • Peru: 221
  • Haiti: 206
  • Chile 202

Dados de registros da PF de Cascavel por circunscrição; cerca de 15 mil estrangeiros

  • Cascavel: 9.400
  • Toledo: 2.600
  • Cafelândia: 1000
  • Palotina: 800
  • Ubiratã : 270
  • Francisco Beltrão :210
  • Tupãssi: 210

Apenas em Cascavel são cerca de 9.400 estrangeiros

  • Haiti: 5.000
  • Venezuela: 2.800
  • Colômbia: 206
  • Outras nacionalidades: 200 a 300
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26 jul 2022, às 10h56. Atualizado às 10h57.
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